Na semana em que a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), motiva a celebração do Dia Mundial da Alimentação, comemorado de forma mais intensa ontem (16), várias organizações da sociedade civil motivam outra discussão: o uso indiscriminado de agrotóxicos.
Apesar do tema escolhido pela FAO este ano, “Cooperativas Agrícolas Alimentam o Mundo”, apontar para uma produção de alimentos menos mercadológica, consumista, menos industrializada e mais humana, na prática não é bem isso que acontece. Há muito o que fazer. Não é só o fato de garantir alimentos saudáveis, mas também de saciar a fome de uma parcela significativa da população mundial que se quer tem o que comer.
Estimativas recentes da FAO revelam que cerca de 1 bilhão de pessoas passam fome em todo o mundo. Embora o Brasil esteja cada dia mais perto de debelar o problema da fome, fruto do êxito de suas políticas públicas, muitos brasileiros ainda convivem com esse flagelo social.
Pelo fim dos agrotóxicos
Segundo um dossiê da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), publicado no Congresso Mundial de Alimentação e Nutrição em Saúde Pública 2012 (WNRio), que aconteceu em abril deste ano, um terço dos alimentos consumidos diariamente pelos brasileiros está fortemente contaminado por agrotóxicos.
O Brasil desponta como um dos países que mais usam agrotóxicos. Isso se dá muito devido as altas produções de soja, por exemplo. Para se manter no patamar como grande produtor, o país não tem como apostar em métodos de produção menos agressivos ao meio ambiente, mas socialmente justos e economicamente viáveis, como a agroecologia e agricultura familiar.
Os números são assustadores e mostram que não só os brasileiros, mas boa parte da população mundial está consumindo alimentos altamente contaminados por agrotóxicos. Os efeitos disso tudo, mas cedo ou mais tarde acabam gerando complicações à saúde. O documento da Abrasco revelou revela que, nos últimos dez anos, o mercado mundial de agrotóxicos cresceu 93%, enquanto no Brasil aumentou 190%.
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Com uma política de incentivo aos grandes produtores, o país acaba deixando de lado iniciativas sustentáveis que minimizariam impactos futuros na saúde das pessoas e do planeta. Ao investir e criar subsídios, o governo acaba incentivando o uso de agrotóxicos. Sem contar que a falta de conhecimento de pequenos produtores no manejo desses produtos é outro risco incalculável.
Assista ao documentário da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, realizado pelo cineasta brasileiro Silvio Tendler.
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Foto e vídeo: reprodução